🤔 Para Refletir : "Não julgue um jogo pelo Title!" - FL

O público não sabe o que quer...

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A afirmação do título é bastante clichê, e em uma pesquisa rápida na internet veremos a autoria desse pensamento sendo a atribuído a personalidades como Alan Moore, Henry Ford e Steve Jobs. Fato é que por mais que esse seja um "pensamento clichê", ele é uma das mais puras verdades.

Não é um trabalho de um artista dar ao público o que o público quer. Se o público soubesse o que quer, eles não seriam o público, e sim seriam o artista. É o trabalho de um artista dar ao público o que ele necessita. (Alan Moore)

Segundo a Rádio Agência Nacional em artigo publicado em outubro de 2021, "No Brasil 44% das compras realizadas pela internet são feitas por impulso. É o que mostra uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil, em parceria com o Sebrae" . Então pode-se induzir que a exposição de publicidade na internet possui uma eficiência de pelo menos 44%.


Quantos de nós não temos jogos, ou algum outro produto adquirido pela internet e que mal jogamos ou fizemos uso? Por vezes adquirimos esses produtos apenas para aproveitar um desconto especial ou por recomendação de algum influenciador digital. Por mais prazeroso que seja o momento da compra, "quando o sangue esfria" podemos vir a ponderar que talvez aquela compra não fosse tão necessária.


Poucas sensações são tão prazerosas quanto a de uma compra por impulso. Comprar pode melhorar o humor, segundo um estudo publicado na revista científica Psychology and Marketing, e gera em nosso cérebro um efeito semelhante ao sentido por usuários de drogas.... (Economia UOL)

Não é a toa que as grandes empresas de jogos investem tanto em publicidade, antes mesmo de terem uma data de lançamento de seus jogos. Criar expectativas no público não é apenas uma maneira de dizer a eles que a empresa está prestes a lançar seu mais novo produto, mas é também uma maneira de fazer o público acreditar que ele precisa daquele produto e por vezes comprar de forma antecipada, mesmo sem nenhum a garantia da qualidade final do produto.

E as empresas não fazem isso por que são "malvadonas", mas por que essa estratégia pode ser a diferença entre se manter no mercado ou fechar as portas. No jogo do mercado, quem não da as cartas tem que dançar conforme a música e ao longo dos anos as empresas aprenderam que é impossível agradar ao mesmo tempo todos os consumidores. Então é mais fácil padronizar suas vontades e desejo usando sofisticadas técnicas da psicologia do marketing.

Expor o consumidor o quanto antes ao seu produto é uma das grandes regras do marketing atual. É a maneira que as empresas tem de dizer ao consumidor o que ele deve ou não desejar, afinal se ele soubesse o que quer, ele seria a empresa e não o consumidor.

Referências.

Pesquisa mostra que 44% das compras pela internet são por impulso

O que leva às compras por impulso, e como educar a mente para fugir delas


Publicado originalmente no blog Tecnoanalogica.​
 
Errado não está, mas também não está totalmente certo.

Creio que o marketing antecipado também serve para as empresas verem como será a reação do público. Um exemplo muito claro disso aconteceu com as primeiras imagens do filme Sonic. Os fãs entraram em desespero ao ver o design do personagem principal e fizeram um alvoroço. Os estúdios da Paramount ouviram o público e melhoraram a aparência do protagonista, algo que agradou a todos e impulsionou ainda mais o sucesso do filme.

Acho que o público sabe sim o que quer, até porque ele é quem decide se vai ou não consumir o produto final, mas acima disso o artista também deve ter sua liberdade de dar a eles ou não o que é pedido. XD​
 
Esse tópico me cativa num tanto que não é possível descrever, pois aborda, além de um assunto de meu interesse, uma reflexão sobre o quanto a psicologia pode ser usada para a manipulação.

Eu vejo nessa assombrosa verdade de que somos propensos a comprar coisas por impulsos, quando aliada à disponibilidade dos já conhecidos devastadores cartões de crédito, como um perigo à nossa estabilidade. Mas é, ao mesmo tempo que perigoso, um processo do qual não poderemos fugir como consumidores da internet - escravos de um sistema capitalista majoritariamente desigual - e dependentes dela. O que posso dizer é que aqueles que buscam conhecer-se profundamente, seja através da terapia comportamental ou, até mesmo, do mind fullness ou coaching, conseguem descobrir ferramentas para se desvincular desse processo a qual todos somos submetidos enquanto usuários da internet. Mas o que me intriga mesmo é...

Como posso concluir que sou dono de mim mesmo, quando a mim mesmo conheço apenas no tocante ao que minha mente consciente percebe? Digo, como concluir que sei o que quero, quando não desvendo em mim próprio os mistérios da mente e o quanto o meu subconsciente deseja o que eu nem faço ideia de que ele deseja? Ou seja, como posso concluir que sei o que eu quero - e que faço o que quero - quando existem indivíduos - e aqui falo dos detentores do conhecimento sobre a psique humana e seus encalços - que sabem mais sobre o que não sei sobre mim do que mim próprio? Não há como concluir que sei o que quero, quando só sei o que eu acho que quero e nem mesmo posso assumir que quero com certeza o que quero, visto que amanhã ou depois posso nem querer mais - como, inclusive, já aconteceu logo após realizar uma compra por impulso.

Por essas e outras que esse tópico é cativante demais para uma mente louca como a minha.
 
Eu costumo dizer que somo "o que deu pra ser". Não acredito que somos livres o suficiente para sermos o que quisermos. Para qualquer direção que nos inclinemos, amarras surgirão e creio isso vale para tudo na vida, inclusive para o nosso ato de consumir. Não raro, me vejo fazendo escolhas que se não fosse pelo calor do momento, com certeza eu não faria.

Sabe aquela coisa de você ir comprar o pão e voltar com, salgadinhos, chocolate, petiscos e um pirulito para seu filho? As vezes eu penso que "o cara da padaria, da loja, do mercado" sabe mais sobre meus hábitos de consumo do que eu mesmo. E isso não seria surpresa, caso verdade (e de fato o é), pois dificilmente eu paro pra pensar sobre meus hábitos de consumo, contrapartida para o comerciante essa é esse o tipo de conhecimento que faz diferença no final do dia, na hora de contar as notas no caixa.
 
Eu proponho um pensamento ainda mais complexo, se me for permitido seguir na seguinte tangente:
O público não sabe o que NÃO quer.
Eu penso em vários jogos que hoje eu amo, mas que por muito pouco eu quase "desisti" de gostar.
Monster Hunter tem o game loop e grinding mais satisfatórios que eu já testemunhei num jogo, mas por pouco eu quase desisti no meio do tutorial, que parecia nunca acabar. Fallout 3 foi o primeiro jogo da série Fallout que eu joguei, e por pouco eu desisti de jogá-lo, por conta do péssimo combate de tiro em primeira pessoa e de depender demais do sistema VATS para acertar os disparos, mas hoje eu adoro a imersão que esta série me proporciona, seja explorando o cenário pós-apocalíptico ou me afundando em diálogos profundos com os NPC's.

Tudo o que eu penso hoje é: Eu precisei dar uma 2ª chance para gostar dos jogos acima descritos, e se eu não tivesse experimentado eles com o "estado de espírito" correto, hoje eu poderia continuar odiando ambos...

Gosto é algo muito "flutuante", hoje podemos gostar de algo que amanhã odiaremos, e vice-versa... Quando criança eu achava café algo amargo e horrível, hoje eu dependo dele pra não me tornar um zumbi pelo resto do dia kkkkkkk

Se pararmos para pensar, nada possui "valor" (se tratando de nosso consumismo). Quem "dá" valor às coisas somos nós mesmos, de acordo com nossa necessidade (ou a necessidade que julgamos ter). Água é mais valiosa pra quem vive no meio do deserto do que para quem vive às margens de um lago.
 
Última edição:
@DougMR Isso que você traz, me faz pensar realmente que o a vontade do público é totalmente influenciada pelos desígnios das empresas. E estou falando das grandes empresas.

Via de regra o cara que é pequeno nessa brincadeira gasta muita energia tentando fazer algo que agrade ao público ao tempo em que o cara que "é grande" apenas da as cartas que quer e o público as compra sem pestanejar.
 
@DougMR Isso que você traz, me faz pensar realmente que o a vontade do público é totalmente influenciada pelos desígnios das empresas. E estou falando das grandes empresas.

Via de regra o cara que é pequeno nessa brincadeira gasta muita energia tentando fazer algo que agrade ao público ao tempo em que o cara que "é grande" apenas da as cartas que quer e o público as compra sem pestanejar.

Faz sentido, afinal, as grandes empresas tendem a não se arriscar e apenas produzem o que é "seguro", o que já "deu certo" no passado. Aposto que toda ideia nova sempre passa por algum empresário consultando gráficos com resultados de pesquisa de vendas. Mas isso apenas dá certo enquanto o mercado não fica saturado com o mesmo produto. Eu me lembro de quando eu era mais novo, e quase todo jogo que saía para o XBOX 360 "queria ser" um FPS em tom de sépia a lá Call of Duty ou Medal of Honor, e tudo o que eu buscava (ou achava que queria) era um novo hack 'n' slash.

Mas acho que aí é que entra a importância do indie dev. Ele tem mais liberdade de experimentar coisas novas e se arriscar sem investir tanto dinheiro. Digo, ao menos nada tão absurdamente caro quanto GTA V, por exemplo, que custou $265m USD. E se um desenvolvedor independente cria algo que dá certo, pode ter certeza que as grandes empresas vão copiar, querendo também um pedaço desse bolo.
 
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