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A Besta do cais #Halloween2023

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Autor: Carlos S. Rehem

A Besta do cais

Para ser sincera, nunca acreditei em histórias de fantasmas ou saci. Desde pequena, sempre duvidei das coisas e busquei a verdade por atrás dos panos. Todavia, meu pai continuava insistindo naquela maldita viagem para o cais. Não tive escolha, entrei no carro - meu pior erro - e me ajeitei no banco de trás, assim conseguiria fingir que escutava metade de suas estórias. Creio que só Deus sabe quantas horas passei escutando a mesma coisa infinita vezes, porém, contada de jeitos diferentes. É como se ele fosse uma grande biblioteca de livros velhos, empoeirados. Depois, finalmente chegamos. Logo, pude notar o cheiro de carniça e ovo podre que circulava no ambiente. Inquieta, perguntei ao meu velho o que dois turistas vieram fazer no meio do nada. Animado, ele respondeu:
-Certa feita, seu avô me contou sobre a...
Fones de ouvido e orelhas fizeram contato físico no mesmo instante, fechei a cara e sai com sapatos de algodão. Ele ficou com o vento. De fato, todo o tempo perdido não tinha valido a pena. Ora, havia uma caixa brilhante no fundo do armazém, ela me chamou com seu canto. Para minha tristeza, ao abrir sucumbiu-me um ser metafísico, torto e peludo como o carpete da tia Vera. Mesmo estando em cima de mim, pude notar detalhadamente suas unhas moribundas, como elas se arranhavam na madeira e gritavam de dor. Seu hálito? Meu Deus... prefiro evitar esse assunto. No entanto, o que mais atiçou minha curiosidade foram seus dentes. Sim, semelhantes ao de um lobo embravecido, contudo, afirmo nunca ter visto tamanha agressividade. O ser rosnava para mim mostrando seus amiguinhos amarelos e ensanguentados, talvez estivesse pedindo gentilmente a minha saída: pelo menos, concordávamos nisso, ninguém estava gostando daquela situação embaraçosa. De repente, como se tivesse cansado de olhar para minha cara gótica de pesares, foi sumindo aos poucos num gás estranho. Laranja, não. Alguma coisa parecida com o dourado do ouro, admito jamais ter visto truque de fumaça tão bonito. Enfim, consegui ouvir o grito do meu velho:
-Sanysa!!!
 
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