🤔 Para Refletir : "Escrever para o seu jogo já começa nas mecânicas" - AbsoluteXandy

Entrevista com o blogueio, programador e desenvolvedor DadoCWB

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A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento
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Este é um projeto de entrevista que busca homenagear os imprescindíveis parceiros dos desenvolvedores de games e outros. Um singelo tributo aos produtores de conteúdos. Boa leitura!
Comunicado importante: Ambos - entrevistado e entrevistador são dois coroas. Portanto, teremos termos, hardwares e softwares dentre outros que muitos nunca ouviram falar.


Descrição do Blog

Eu tenho muitos nomes. Já participei de muitas comunidades desde que Conheci o RPG MAKER 2000. Central Brasileira de RPG MAKER, THE MAKER EX, DUNGEON MAKERS e agora vim parar nestas terras.
Chamem-me de Hengel, ou Dado se preferirem. Gosto de escrever e desenhar e me considero um entusiasta em programação. Já desenvolvi jogos de vários tipos, alguns comerciais, mas a maioria apenas pra divertimento próprio ou para fins pedagógicos.
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Bento: Agradeço muito por aceitar o convite e compartilha seu trabalho e experiência conosco. Como é de praxe gostaria de perguntar: – Quem é o colega professor e fundador do Blog Tecnoanalogica?
DadoCWB: Essa é realmente uma boa pergunta para a qual não tenho resposta. Esse cara que teve a ideia maluca de reunir em um só lugar jogos digitais/eletrônicos e analógicos é uma pessoa no mínimo muito louca.
Falar sobre si mesmo é sempre difícil. Eu prefiro ouvir dos outros a meu respeito, do que correr o risco de assumir algo que carimbe minha identidade para o resto da vida. Mas posso falar um pouco do caminho que percorri até aqui. Aliás, eu sempre prefiro o caminho a o destino. Acredito que a beleza da vida está sempre no trajeto.
Sou alguém que acima de tudo adora entender os processos pelos quais uma pessoa “aprende”. Gosto de estudar, o tempo todo e talvez por isso eu tenha andado por tantos caminhos nessa vida louca. Sou metalúrgico de formação e sempre gostei de jogos, de todos os tipos. Minha história com jogos começa por volta dos 8 anos de idade na época em que a febre eram os jogos de botões”. Foi também nessa época que eu conheci os jogos de RPG e que fizeram minha cabeça explodir para o fato de que “eu podia vivenciar mundos que só existiam na minha imaginação”.
O RPG me fez aprender a gostar de criar regras para meus jogos, para minhas brincadeiras e um pouco depois passei a criar meus próprios jogos. Eu criava jogos de tabuleiros e cenários de campanha para as partidas de RPG com meus irmãos mais novos.
De lá pra cá, muita coisa mudou no mundo mas a paixão por jogos e por criar jogos sempre me acompanhou. No que se refere a jogos digitais eu comecei fazer modificações para Doom e Duke Nukem 3D em um computador 486, isso lá nos anos 90. Quando aprendi a programar em C eu criava RPGS em texto para jogar com os amigos da minha rua.
Depois do RPG MAKER eu já brinquei com muita coisa na área de criação de jogos. Mas de alguma forma nunca me preocupei em criar jogos para serem publicados além de meu próprio círculo de amizades. Naquela época não tinha internet como temos hoje, então no máximo a gente compartilhava nossos códigos em disquete ou CD. Hoje eu fico contente quando vejo que as gerações mais novas podem se dar o luxo de dizer aos pais que “querem ser criadores de jogos”. Eu disse ao meu pai que queria entrar pra faculdade de música e ele me matriculou em uma escola de engenharia.
Quando comecei a dar aula para o ensino médio (eu dava aulas de física), eu sempre tornava as minha aulas em algo “gameficado” e a gurizada adorava. Teve uma vez que fizemos uma competição de catapultas, em outro momento criamos jogos de tabuleiros e aprendemos programação para as aulas de mecânica. No fim das contas eu acredito que sou um pouco de muitas coisas e incapaz de responder essa sua pergunta.
Bento: Acredito que modestamente e nostalgicamente respondeu muito bem meu caro! Qual foi o maior aprendizado que você gostaria de passar para outros desenvolvedores, sobre produzir um jogo principalmente em véspera de uma GameJam?
DadoCWB: Eu creio ser pessoa menos indicada para falar sobre isso. Por que eu nunca criei jogos para serem comercializados. Já criei jogos para treinamento em empresas e de professores. Mas isso nunca pagou as minhas contas.

Mas se alguém estiver interessado em criar jogos pelo simples fato de criar jogos eu diria que acima de tudo essa é uma brincadeira muito séria. Não adianta apenas ter uma boa ideia e achar que você irá criar o próximo sucessor de Dragon Quest. Boas ideias nascem todos os dias e a maioria morre por que seus idealizadores não estão dispostos a dar o máximo de si para torná-las realidade.

Para criar um é preciso muita dedicação e estudo. Além disso, é preciso muito controle emocional para superar os momentos de solidão em que você pensa em desistir. Desenvolver maturidade para ouvir as críticas, principalmente as negativas. Aliás, as críticas negativas são as mais valiosas. Eu comecei a desenhar com meus personagens com 7 anos de idade e vendia isso na escola e nunca tinha achado alguém que não gostasse dos meus desenhos até o dia que eu mostrei para um artista profissional da minha cidade. Cara olhou pra mim e disse que estava uma porcaria e eu fiquei arrasado. Passei muito tempo sem desenhar e depois refiz o desenho várias vezes até que eu vi alguma evolução. Em um evento de anime eu expus o desenho e esse artista estava lá, estava na comissão de julgamento e vi quando ele disse para o outro jurado que tinha gostado do meu desenho (ele não meu viu, não me reconheceu e suponho que nem se lembrava de mim).

Então talvez a grande lição que tirei é: Nunca desista e quando você se sentir cansado, esse o momento em que você deve se esforçar ainda mais.
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Bento: Que belo depoimento camarada. Fale sobre seus planos em relação ao RPG Maker ou outras ferramentas de criação de jogos para o Blog?
DadoCWB: Eu crio jogos desde pequeno e isso sempre foi um tipo de diversão. Tem gente que curti futebol, outros gostam de surfar, sair pra balada, etc. Eu gosto de criar jogos. Gosto do processo. Desde ter uma ideia até ver aquela ideia se materializando. Pra mim não importa se estou programando o jogo em C++ ou cortando um papelão para fazer um tabuleiro, gosto do processo. Foi graças a esse gosto que aprendi a programar, desenhar, pintar, esculpir e ler partitura. O Blog é de certa forma um guarda-chuva para abrigar um pouco de tudo isso. Ele é tipo “o cantinho da bagunça” que quase toda casa possui.
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Bento: "Ah!Ah!Ah!" De certa forma acabei invadido seu “cantinho da bagunça”. Como conheceu as comunidades de Makers? Eu sei que teremos muitos momentos históricos... O que mais atraiu a sua atenção para frequentá-las?
DadoCWB: Cara eu fui apresentado à Central Brasileira de RPG MAKER por um amigo que me convidou para criar umas ilustrações para o jogo que ele estava fazendo em RPG MAKER 2000. Eu nunca tinha ouvido falar do Maker e quando ele me passou o programa num disquete eu achei o máximo e chegamos até uma versão beta do jogo que se chamava Dungeon Explorers. Além da Central eu frequentava a Maker Universe e o que sempre gostei nessas comunidades era o espírito de colaboração entre todos. Hoje o cara que responde tua dúvida tá mais interessado em “aparecer” pra comunidade do que a resolver teu problema. Naquela época não era assim.

Participei de outras comunidades, mas uma que me marcou foi a The Maker Ex, onde conheci pessoas inspiradoras. Foi de lá que saiu o grupo com quem depois tive a oportunidade de fundar a Dungeon Makers. Foi de lá também que saiu o Atoa (Victor) que fundou o Santuário RPG MAKER. Sobre o Victor tem uma história interessante: eu fui convidado pela Staff para fazer o roteiro de um jogo pro fórum e o Victor iria programar o sistema de batalhas por eventos. Lembro-me que insisti com ele pra ele usar o RGSS e ele dizia que “dava pra fazer tudo por eventos” e por mais incrível que pareça ele fez o sistema todo por eventos! Mas infelizmente o lag era enorme, foi então que ele decidiu recriar o sistema por script e foi assim que nasceu o “Victor Scripter”. Eu perdi o contato com ele depois que o Santuário acabou, entretanto acredito que ele pode confirmar essa história. Por questões de “ego da staff” a The Maker ex acabou antes que a gente concluísse o jogo.

O jogo que a gente estava criando era muito irado. Era baseado em mitologia chinesa e eu cheguei a pintar alguns personagens em sumi-e para o jogo. Eu ainda pretendo aproveitar a história que eu criei mas foi uma pena que o projeto não tenha ido pra frente naquela época. Apesar disso boa parte da galera do fórum migrou pra DUNGEON MAKERS que permaneceu no “ar” por um longo período.

A DM acabou por causa do facebook. A galera meio que abandonou os fóruns na época que o facebook começou a bombar e em 2015 o Neji (nosso administrador) desativou o fórum. Isso me afastou das comunidades até que cheguei ao Condado braveheart e fui muito bem acolhido, principalmente pelo Dr. Xamã (a quem sou muito agradecido por sempre me estender à mão). Passei um tempo fora e essa pandemia me trouxe de volta ao Condado e honestamente espero nunca ter que ir embora outra vez (tenho trauma de despedidas).

Eu acho que o mais importante nas comunidades são as amizades. Por mais que falar sobre jogos seja legal, são as amizades que fazem tudo isso valer a pena.
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Bento: A particularidade mais forte em usar o RPG Maker é a facilidade em desenvolver games, no entanto com o avanço de outras engines e ferramentas podemos desenvolver games ainda melhores e com muito mais recursos. Mesmo assim, você acredita que o RPG Maker terá vida longa?
DadoCWB: Não existe ferramenta melhor que o RPG MAKER. Para o que se propõe ele é o melhor que temos à nossa disposição. Ele atende a um público bem amplo, desde a pessoa que não “sabe nada” até o cara que já programa em nível avançado. Claro que muita coisa poderia ser adicionada à base do RPG MAKER (como um sistema de iluminação), mas eu acho honestamente que sempre haverá público para essa ferramenta.
Bento: Que legal! Diga lá o que você achou do RPG Maker MZ?
DadoCWB: É uma ferramenta muito boa se você possuir um computador que atenda aos requisitos mínimos de sistema. Infelizmente muitos usuários do RPG MAKER de uma maneira geral não possuem computadores potentes suficientes para rodá-lo tranquilamente.
Bento: Você já desenvolveu algum jogo analógico ou digital? Fale sobre ele?
DadoCWB: Meu primeiro jogo foi um de tabuleiro baseado em fórmula 1. Meu segundo jogo foi uma versão de tabuleiro do clássico Phantasy Star do Master System, isso lá em 1989. Fiz um cardgame baseado em Fatal Fury e outro baseado em Tekken (isso antes dos anos 2000). Só comecei a me envolver com jogo para computador depois que aprendi a fazer modificações para Doom, Warcraft e para Duken Nuken. Em 2000 um amigo me apresentou ao DELPHI e nessa época eu “meio que” estava aprendendo “por conta” a Macromédia Flash. “Até chegamos a criar alguns jogos simples ‘por brincadeira mesmo”.

O problema é que tem uma hora que você precisa assumir a vida adulta e isso o faz deixar algumas coisas de lado. Você entra na faculdade, arruma um emprego, constitui família e deixa de dar foco para as coisas “que não pagam suas contas”. Depois disso eu continuei criando jogos de forma despretensiosa.

Teve um jogo em especial chamado “Fishing on Sunday” que eu criei no RMXP e transformei em jogo de tabuleiro em 2014 que é basicamente um jogo de pesca com rolagem de dados (minhas sobrinhas adoram esse jogo). Tem outro jogo que eu criei que é uma visual novel para computador(Sakura No Jikan) e depois se tornou um jogo de tabuleiro e uma novela capitulada que eu publico no wattpad. Algo que vale a pena ser dito sobre esse jogo é que ele se chamava Doki Doki que nos mangás aparecem para representar o momento em que “o coração bate mais forte”. No jogo tinha uma mecânica que o jogador precisava controlar os batimentos cardíacos para não desmaiar toda vez que conversava com uma menina. No fim eu mudei o nome porque uns anos depois saiu um jogo que fez muito sucesso e tinha o mesmo nome.

Hoje eu tenho 2 projetos em RPGMAKER que estou tocando nas horas vagas. E tenho 3 jogos de tabuleiro prontos e que estão engavetados que a economia do país tome algum rumo que não seja ladeira a baixo.

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Bento: Muito interessante seus projetos. Quais jogos Indies ou não que você recomenda para os moradores do Condado?
DadoCWB: Pra mim isso é muito difícil porque eu comparo um jogo a um livro. Escolher um livro depende muito do que você espera daquele livro. Então uma recomendação deveria objetivar sempre atende à expectativa da pessoa para a qual você está recomendando. Para não me alongar muito vou indicar 3 jogos que eu acho que um desenvolvedor amador deveria conhecer.
1) Phantasy Star I: Esse é o jogo mais importante da minha história com jogos. Eu honestamente considero maior do que qualquer jogo da Nintendo ou da Sony no gênero de ERPG. Ele é revolucionário por muitos motivos: pense que em 1987 um jogo de RPG trazia uma mulher como protaginista! E isso sem precisar apelar pra nenhum tipo de sensualidade. Quem gostar de PSI também vai amar Phantasy Star IV.
PS. O Professor Bento está escrevendo um livro sobre Phantasy Star e o trabalho da TEC TOY na tradução do mesmo.
2) True Love: Esse é um jogo de 1995 e que chegou aqui traduzido em portugês por algum coração bondoso (eu sinceramente espero que essa pessoa vá para o céu). É uma Visual Novel das boas, onde suas escolhas de fato influenciam no desenvolvimento do jogo. Quem gostar de True love pode tentar paradise heights que também é muito bom (porém mais fácil).
3) Lord of The Sword: É um jogo de Master System (só para os fortes) que faz a dificuldade de Dark Souls parecer brincadeira de criança. O jogo é um adventure rpg de plataforma com elementos de gameplay incríveis pra época.
Bento: Sempre faço essa pergunta aos meus entrevistados. Como professor, jogador e aspirante a desenvolvedor, acredito que os Games podem ser usados como ferramentas educacionais, especialmente em metodologias relacionadas à tecnologia da informação, como um grande apoio para a aprendizagem. Acredita que isso seja possível? Jogou algum game educacional? Já pensou em desenvolver algum jogo com temática educacional?
DadoCWB: Sinto decepcionar, mas eu não vejo nenhum valor em especial em jogo quando o assunto é aprendizado. EU já pensei o contrário, entretanto hoje não. Hoje eu penso que qualquer coisa possui potencial para tornar uma aula um momento para aprender de forma significativa.
Hoje a gente vive esse mito de que o professor tem que estimular os alunos e fazerem aulas diferenciadas. Eu não penso assim. O estudante antes de qualquer coisa tem que querer aprender. Se ele não estiver interessado em estudar não importa quão legal a aula seja, ele não irá aprender. Temos que arar de jogar a responsabilidade da educação nas costas dos professores. Os professores já são graduados, alguns têm mestrado e doutorado, já viveram e possuem um emprego. Quem tem que correr atrás do seu futuro é os estudantes.
Mas apesar disso sou a favor de usar jogos o no ambiente de aula. Acho "muito tri", mas não são os jogos que educam. As pessoas educam e aprendem.
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Bento: Agradeço muito pela oportunidade e deixo em aberto para mencionar alguma novidade sobre o seu canal ou mesmo um recado ou conselho que gostaria de passar adiante?
DadoCWB: Eu é quem devo agradecer pelo espaço de poder falar um pouco (ou muito) de mim e dessa paixão que tenho por jogos (de todos os tipos). Se o leitor chegou até aqui eu o convido a dar uma passadinha lá no blog e conferir nosso conteúdo sobre jogos, animes e leituras. Por fim eu gostaria de pedir a todas as pessoas que possuem o ímpeto e o sonho de criar jogos que nunca desistam de seus objetivos. Não importa se é difícil ou se ninguém acredita em você, nunca desista de sonhar. O sonho é o primeiro passo. Corra atrás de seus sonhos, estude muito, tenha humildade, mas nunca deixe que pisem sobre você e jamais deixe de estender a mão para alguém que precise.
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Agradeço muito pela entrevista e recomendo fortemente o Blog Tecnoanalogica
 
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Ótima iniciativa, professor!! A leitura de entrevistas desse tipo nos insere mais a fundo não só no contexto da comunidade e de seus membros, mas também em parte da história por trás do que a comunidade veio a ser hoje, os passos dados, as experiências pessoais de cada entrevistado e evolução pessoal de cada um. Eu espero ver cada vez mais entrevistas por aqui!
 
Ótima iniciativa, professor!! A leitura de entrevistas desse tipo nos insere mais a fundo não só no contexto da comunidade e de seus membros, mas também em parte da história por trás do que a comunidade veio a ser hoje, os passos dados, as experiências pessoais de cada entrevistado e evolução pessoal de cada um. Eu espero ver cada vez mais entrevistas por aqui!

Gostei muito de entrevistar o amigo @DadoCWB, pois rolou relatos fantásticos sobre comunidades, além disso, gostei muito do seu trabalho. Também contribuo com o Blog Tecnoanalogica.

Os próximos entrevistados serão: o bonitão do Richard César Bernardes mais conhecido como @Ricky O Bardo do podcast Toca do Dragão.
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E ele o arqui-inimigo do Batman o Coringa que tem um perfil psicológico aterrorizante e totalmente fora dos padrões da normalidade. Ele é descrito como um psicótico, um vilão com uma aparência peculiar e assustadora. É um personagem que transmite todas as características de uma mente doente, é sádico, excêntrico e cruel... Não o nosso que é o Coringa do @Eliyud que é um cara sensacional e muito camarada e profissional.

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