🤔 Para Refletir : "Fazer um jogo é um ótimo aprendizado para se notar que normalmente o que é bom não é por acaso e sim fruto de muito planejamento e trabalho." - Rafael_Sol_MAKER

Super Space Funeral 4 Deluxe: Blood Red Version & Bubsy [ANÁLISE]

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Há algumas semanas, rejoguei o famoso clássico de RPG Maker, Space Funeral. É um jogo maravilhoso, mesmo sendo uma experiência tão simples e curta. Não à toa, criou uma pequena mas forte fanbase que mantém o jogo vivo por meio de discussões, artes de fã, e principalmente, fangames. Space Funeral tem MUITOS fangames, que vão de uma cronologia linear do 2 até o 10, além de vários independentes (lista completa aqui.) Eu já sabia desses fangames havia tempos, mas nunca tinha me interessado em jogá-los. Porém, essa jogatina do original me deu uma vontade grande de experimentar o que poderia ser feito com aquele universo, então vi alguns e pensei: "Por que não?".

Joguei cerca de uns 6, com qualidade variada. A maioria tinha conceitos bem bacanas que brincavam com o jogo original ou mesmo a comunidade de fangames do Space Funeral. Eu estava gostando dos jogos e caçando mais para eu jogar, até eu me deparar com este:

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Tela de título do jogo.

Esse jogo não está na lista de fangames que eu tinha encontrado, mas alguém comentou no post da lista com um link de download para ele. O tal fangame estava num link obscuro de um site do Wayback Machine e não tinha muitos detalhes. Os gráficos logo de cara me surpreenderam, pois a maioria dos fangames seguiam um estilo de arte que não desviava muito do original, mas o que me realmente me prendeu foi o comentário que o sujeito com link escreveu: "esse é aquele com o date sim horroroso com Bubsy". De imediato baixei e após jogar mais alguns fangames, iniciei essa aventura. O que posso dizer é que eu NEM DE LONGE esperava a experiência que ia ter com esse jogo.

A partir daqui essa análise vai conter alguns spoilers. Se você estiver tão curioso quanto eu estava, recomendo que jogue o jogo. Ele está disponível aqui.

Para contexto, o jogo é basicamente um remaster do jogo original até a batalha com Blood Ghoul, na Blood Cavern. O que muda até esse ponto é principalmente os gráficos, que são completamente retrabalhados e puxam mais para o lado 16-bits. Há algumas pequenas diferenças entre este e o original, como menções pequenas pelo jogo sobre uns tais "novos criadores", que parecem estar substituindo o antigo vilão. Eu, já tendo jogado o original, fiquei admirado com todo aquele universo sobre uma nova perspectiva, e fiquei curioso para ver quais foram as mudanças feitas de fato no jogo. Isso só se provou uma isca para uma armadilha extremamente traiçoeira.

Depois da Blood Cavern, em vez de ir para Malice como o original, o jogo te leva para um cenário completamente novo, uma floresta colorida e contrastante com todo o resto. Você vai avançando e mais a frente, e encontra algumas coisas exóticas: inimigos que são o estereótipo de neckbeard, uma loba antropomórfica a qual é possível elogiar os peitos e uma cidade inteira de fuzzies, que são nada mais do que um paralelo com os infames furrys. É aí que sua aventura começa de verdade.

Nem preciso dizer que esse jogo é uma grande piada. Ele é estranho e idiota.
Eu senti emoções fortes jogando esse jogo, muitas vezes emoções negativas. Não digo isso pelo humor esquisito e experiências absurdas durante a jogatina. Ele poderia ter sido apenas um grande fangame bizarro e cômico de Space Funeral com uma surpreendente qualidade dentro das suas limitações, mas no fim ele se tornou uma sessão de tortura para meus finais de tarde.

A gameplay não se difere tanto da maior parte dos fangames e do próprio jogo original. Basicamente, é um RPG clássico com combate time-based. Talvez o que diferencie esse fangame dentre os demais, além do seu tema bizarro, é a progressão peculiar; o objetivo da parte verdadeira do jogo é passar por áreas conseguindo chaves, para assim liberar todas as áreas trancadas na cidade principal, que seria o HUB do jogo. Ainda assim, o jogo é extremamente linear e não há muito a se descobrir durante a gameplay, a exploração com certeza não é um foco aqui. Apesar disso, é bom ressaltar a beleza e criatividade dos mapas, que são muito bem mapeados e possuem recursos muito ricos.

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A cidade dos Fuzzies.
As interações presentes são um pouco pobres, com os diálogos interessantes ficando apenas nas cutscenes (que são várias). Isso me desincentivou de ficar falando com os NPCs, pois sabia que a maioria teria diálogos que nem engraçadinhos seriam, e isso piorava conforme o jogo progredia.
O jogo possui alguns puzzles que são bastante bem feitos e desafiadores, talvez o melhor aspecto da gameplay e as partes em que mais me diverti.
Agora, na questão das batalhas...

Posso dizer que esse foi o fangame que melhor aplicou o sistema de batalha time-based, ao mesmo tempo que foi o que mais me deu frustração e desgosto ao batalhar. O combate, como eu já citei, é o de um RPG time-based comum, igual ao Space Funeral. Isso por si só é um ponto negativo; todo jogo que já joguei com esse tipo de combate resulta em algo que, além de ser sem criatividade e limitado, é angustiante, pois há um sentimento constante de tensão para ser o mais rápido possível durante as batalhas. Estas, em vez de serem como pequenos puzzles que exigem raciocínio ou estratégia, se tornam nada além de um jogo de dar porrada e curar e ver quem morre antes. Esse jogo não é muito diferente, mas por um bom senso do criador os inimigos possuem uma variedade decente de ataques e uma velocidade razoável (em sua maior parte), o que tirou um pouco da monotonia presente em outros games.

Porém, o que me enfureceu, me fatigou, me DESTRUIU, foi o número de batalhas e constância destas. É ridículo, porque além de não serem fáceis, são absolutamente repetitivas.
Na maioria das áreas há uma variedade de no máximo 3 inimigos, em uma dungeon só há 2, e um deles representa 80% das batalhas (estatísticas não muito fiéis). Isso aliado a um combate mais ou menos no máximo torna toda a seção de batalhas não numa parte proveitosa do jogo que nos atrai para podermos jogar mais, mas sim numa cruz espinhosa que o jogador carrega durante toda a jogatina.
E sim, sei que as batalhas são iniciadas por meio de inimigos no mapa que podemos desviar, mas os mapas foram desenhados de modo que as batalhas fossem realmente difíceis de serem evitadas, usando de espaços estreitos e padrões de inimigos bastante erráticos. Alguns inimigos são simplesmente INEVITÁVEIS, como o ninja na dungeon da torre, que simplesmente corre pra cima de você numa velocidade absurda.
Adicionando à questão de batalhas em si, o criador quis focar na dificuldade e isso se reflete no sistema de combate. Não quero parecer um bebê chorão aqui, mas como já disse considero time-based é um sistema horrível que resulta em batalhas sem sal, e adicionar dificuldade exacerbada a essa mistura resulta não num divertimento, mas numa provação. A maioria é de um nível de dificuldade aceitável, todavia, há algumas que simplesmente são injustas, como as do boss da torre e a última da Demo. Esta última, considero ser uma das piores batalhas de RPG que eu já experimentei.
É uma batalha angustiante, repetitiva, e baseada em sorte, ou melhor, azar. Eu passei cerca de 40 minutos somente nela e ganhei apenas por fruto de um RNG absurdo, pois havia vezes que o boss tirava 75% da minha vida nos seus dois ataques de abertura (estatísticas fiéis!!!), mesmo comigo usando os melhores equips possíveis no jogo.

No final, posso dizer que o que move o player a continuar jogando - isto é, se ele continuar - é a curiosidade para ver todas as bizarrices que o aguarda no jogo e ver onde que acaba essa história bizonha, e é isso que mais há de bacana na obra.

E falando na história, a mesma é uma piada, mas era essa intenção.
É completamente absurda e sem sentido, na sua maior parte uma desculpa para os personagens passearem pelo mundo estranho do game. Mesmo assim, os personagens são carismáticos e os diálogos são pérolas, fazendo a história, apesar de tudo, ser bastante divertida. Mas não se engane com o que eu digo, não espere um humor leve e "normal", o jogo é completamente imbecil e até mesmo de mau gosto, então vá preparado.

A experiência, como um todo, para mim foi como um relacionamento abusivo. O jogo te dá momento divertidos de humor que te cativam, te dá personagens engraçados e cenários bizarramente interessantes, para logo depois te colocar sob a tortura psicológica de enfrentar uma dungeon de 2 horas com uma variedade de 3 inimigos e combates incessantes. E você continua jogando, pois você já está investido demais nele para simplesmente parar agora... E assim, o loop se repete.

Esse fangame de SF é um dos melhores que eu já joguei: possui uma ideia boa(?), gráficos legais e um cenário muito inventivo, mas sua gameplay é tão excruciante que eu só recomendaria isso para um masoquista, ou alguém que já deixou de ligar para seu estado de espírito.

É muito potencial desperdiçado, mas quem sabe não era pra ser assim mesmo, não é? Esse jogo é muito imbecil para ser de fácil acesso. Todo o conceito é só pra gente hardcore, tanto nos games quanto na alma. Dá pra ter um encontro romântico com a Bubsy.

Insano fui eu que me atentei a jogá-lo.

É isso pessoal, agradeço a todos que chegaram até aqui. Gosto muito de jogos de RPG maker, e se tiverem gostado da minha análise, podem me recomendar jogos para poder escrever sobre. Se não concordam com o que eu disse, por favor deixe eu saber seu ponto de vista! Comente o que achou do jogo, ou se ao menos você já tinha ouvido falar dessa joia de barro do RPG maker.

Tchau galera! Fiquem com a Bubsy...
 
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