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TDT — Esperaremos pela Morte aqui... [C/ILUSTRAÇÃO EM PIXEL ART]

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A Testemunha dos Tempos #1
Cap1. Obrigado, Mas Esperaremos Pela Morte Aqui...






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Saudações Azulinas, queridos amigos.

''É tomado por um misto de sentimentos que trago-lhes hoje um conto baseado em um acontecimento real de tempos atrás, este que fora resumido e especificado para mim em uma grande carta por um grande amigo no qual foi vitima direta deste inimaginável incidente, guardei-a em absoluto segredo para evitar qualquer desdenho, deboche ou talvez alvoroço e desespero comum, entretanto, ao ver minha empoeirada escrivaninha abarrotada de papéis com minhas escritas sobre episódios místicos que nunca foram antes expostos, conclui que já era hora de expor alguns mistérios e perturbar alguns céticos.''




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''A situação na qual vivemos atualmente, visto a traição do lunático palhaço e do despertar do antigo mostra-se urgentemente necessário revelar este ocorrido ... o autor era um querido amigo meu, além de meu mestre nos ensinamentos marítimos, de incrível amor e perspicácia para pesquisa da biologia marinha em si, espero que leiam com carinho, pois fora cuidadosamente corrigido para trazer sem rodeios os fatos, homenagear meu companheiro e minuciar os perigos que estão debaixo dos nossos pés, principalmente quando trata-se dos Antigos.







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Escrita para o Elfo Azul,
"Obrigado, Amigo, este é o fim."


Querido amigo azul, de tantas horas de meditação e aventuras incrivelmente tediosas pelas milhares de páginas dos livros que compartilhamos no decorrer destes longos anos, entrego-lhe, em uma tentativa desesperada de não morrer em vão, um dos meus maiores bens, um compilado de folhas do meu diário, onde detalho os últimos acontecimentos da nossa pacífica ilha.

Você, que fora abençoado pelo dom da escrita e se gaba por isso, principalmente após ler minhas cartas com detalhes básicos, saberá um bom destino para nosso relato, para meu alívio, fico feliz em ter cancelado sua visita para cá, caso contrário, você também seria vítima e todo seu testemunho perderia-se como uma lágrima na chuva ... Fique bem, nos vemos em outra dimensão.











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Dia 22 de Agosto,
Ilha dos KraM'ehrzianos, 2020.


Um vento excessivamente frio vindo das matas trazia consigo o aroma úmido e temoroso do baixo sul, onde encontram-se os bosques, cavernas e grutas mais límpidas e profundas de toda nossa ilha remota no infinito horizonte azul, com largos córregos de água cristalina que desaguam no oceano.

Ao sair do templo para fazer as orações ao nosso Deus KraM'ehr vejo um pássaro solitário planando no céu pesado e descaprichosamente pincelado com uma paleta fria e mórbida, aparentava certa dificuldade e não possuía muita coordenação em seu voo, sua aterrizagem incomum mais se assemelhava a um movimento suicida e ao aproximar-me reparei que lhe faltava uma das pernas, pelo ferimento exposto, fora violentamente dilacerada, a ave morreu poucos segundos após o abrupto ''pouso'', com esta chegada, concluo que não são boas notícias.

A Mensagem estava escrita em um papyro muito surrado, algumas partes de tinta comum, já outras, em sangue puro e rústico, a letra fora escrita apressada e pelo cheiro forte exalado dos produtos usados, fora feita a poucos instantes.






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"Mestre, a água invadiu a costa e inundou os bosques, As criaturas abissais subiram a superfície, Uma delas destruiu o vilarejo onde eu estava, era um Diplopoda de oito metros com pele levemente acinzentada, grossa e aparentemente pegajosa, além de muito oleosa, tinha uma coluna com fibras ósseas pontíagudas expostas e uma fila de tentáculos bioluminescentes e bastante agitados próximas a um pequeno orifício semelhante a uma boca, dali foi expelida uma secreção roxa bastante espessa porém muito maleável em um dos aldeões, que foi morto em questão de segundos, a secreção aparentemente possuía consciência, pois após cobrir totalmente o homem, transformando-o em um corpo completamente decomposto, voltou para a criatura envolvendo-se em sua pele onde foi absorvido.

Segundo relatos, as vilas próximas aos oceanos tiveram suas casas e estruturas totalmente envolvidas por uma simbiose colossal de algas, fungos e algumas espécimes de microbiotas, que gera instantaneamente um aroma terrível, mas também riquíssima e exótica flora talvez encontradas na área hadopelágica, há registros de crustráceos desproporcionais próximos a zona de varrido, plânctons bioluminescentes de multicores fluorescentes tomaram as águas e fazem um espetáculo horrendo de cores no antes azul e morto oceano, Criaturas bioluminescentes semelhantes aos Melanocetus com corpos de características aracnídeas com vários tentáculos maleáveis porém perfurantes quando enrijecidos avançam rapidamente pelas florestas, matando qualquer criatura mamífera próxima.''






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Haviam mais alguns parágrafos, porém ilegíveis, estes, assim como o ultimo, fora escritos com sangue, mas fora borrado por algum liquido desconhecido, notei que a área do papyro onde estava mais surrada também possuía descrições específicas, mas ambas nunca seriam decifradas em tempo hábil...


Apesar de maravilhado por ver o quão rica era a vida abissal, contive-me para comportar-me para tal momento ... hoje será o último dia de vida desta ilha remota, em pouco tempo, a fúria inimaginável do oceano e do nosso senhor varrerrá nossa existencia.

Dediquei oitenta anos ao Culto de KraM'ehr, quando os sacerdotes purificaram esta colina dos espíritos mundanos, eu e os recém chegados imigrantes, religiosos, estudiosos e pesquisadores erguemos grandes estátuas, altares e este templo, para contemplar e agradecer ao Deus Roxo que habita a parte mais remota dos oceanos, de lá, ele controla a vida marinha e de certa forma seu trabalho ajuda a superfície





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A Incontáveis milênios esta ilha estava submersa no oceano profundo, após a desformação da pangeia, segundo cientistas, este local foi o último a se livrar das garras congelantes das águas oceânicas, revelando uma incrível flora jamais antes vista em qualquer lugar, além da sua terra rica, o que infelizmente não é tão aproveitada graças a irregularidade do local, entretanto essas características o tornaram um tesouro para pesquisas biológicas, Entretanto, acreditamos que este local tenha sido um presente de KraM'ehr ao deus dos ventos, que segundo nossa mitologia, tinha um aspecto feminino e tinha o amor de nosso Deus, juntos, dançavam um rito maravilhosamente belo, que era reproduzido pelos ventos e as ondas do oceano.





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Entretanto, formas de vidas marinhas complexas vem atormentado a vida dos pescadores e aldeões próximos aos mares, a anos atrás, moradores detalharam aparições de enormes dendrobatas próximos as florestas, os musgos, fungos e parasitas naturais contidos em suas peles confundiam os exploradores, que os comparavam com estátuas de adoração, visto que tinham a aparência petrificada e permaneciam estáticos e instalados em um único local, este equivoco lhes custavam a vida, pois eram facilmente devorados pelas criaturas, desdenhei da "imaginação fértil" da população costeira até alguns homens com ajuda de alguns bisões me trazerem uma grande pedra de coloração rústica azul bem escuro e forte, de aparentemente milhares de anos, com marcas anatômicas porém com algum possível sentido e coberto por fungos secos, ao identificar o objeto como algo extraído da zona Hadopelágica iniciei uma grande pesquisa sobre seus mistérios, saquei os livros milenares de nossa doutrina, secretamente guardados nas profundas cavernas abaixo do templo para pesquisar o significado e após dezessete anos de análises, estudos e pesquisas, conclui que as anatômicas marcas tinha seu sentido, o mais aterrorizante possível, "Seu Deus não esta contente." ... isso me fez quadruplicar os sacrifícios.






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Em vão ... terremotos são constantes, os ventos não são fervorosos como antes, a ilha nas ultimas décadas vem tendo seu clima constantemente modificado, ora com tormentas incessantes, outra com névoas e garoas que duram meses, o sol já não é visto em seu alto e conhecido fulgor a três anos e meio, já é comum vê-lo obscurecido por nuvens carregadas de tons negrumes e mórbidos, tudo isso entristece os moradores, as águas ameaçam a vida dos habitantes e marinheiros, que cansados, se mudaram para locais distantes daqui, os poucos que ficaram, foram desaparecendo e suas existências são uma incógnita até hoje, com esta mensagem, entendo claramente o que esta prestes a acontecer, a ilha será tomada novamente por aquele que lhe proporcionou a parcial liberdade.






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Ciente sobre meu destino, sentei-me em minha mesa para organizar os papéis, já tinha em mente enviar-te uma carta, querido amigo azul, entretanto- os últimos acontecimentos me fizeram apressar este plano, após separá-los minuciosamente, pausei a escrita da ultima carta (esta que você lê agora) e fui até o viveiro para analisar as aves mensageiras, escolhi a melhor delas, um falcão de peito laranja, lindo, robusto e resistente, o excesso de carinho com ele, dando-lhe petiscos e um fogoso ''cafuné'' na sua crista cinza o fizera entender que ele tinha uma grande e importante missão a caminho... Ao peregrinar pelo templo para os últimos afazeres, vejo alguns sobreviventes chegando, os olhares curiosos sob mim me deram uma estranha satisfação.



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Mestre:

''Noroeste, esta ave tem seu destino, alimente-a bem e
hidrate-a, ela terá uma intensa viagem, por favor,
seja muito carinhoso.''




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Discípulo:

— Noroeste, mestre?! nesta direção fica um distrito, porém
está a milhares de quilômetros dali, a locais mais próximos, mas a
ave jamais chegará viva!"


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Mestre:

''Não se preocupe, estas aves dedicam suas vidas a peregrinarem
por longos tempos, as treinamos para aguentar tais fardos, entretanto,
se esta falhar, o último rastro da nossa existência morrerá com ela.'
'



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Discípulo:

— Peço sinceras desculpas pela ousada intromissão mestre,
mas não me contive, diga-nos, qual é o destino da Ave?



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Mestre:


Condado Braveheart, eu tenho um bom amigo lá, traz consigo o testemunho dos tempos em suas costas, tenho certeza que ele terá um
bom uso para nosso ultimo testemunho.


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Discípulo:

Mestre eu imploro, repense sobre nossos destinos, não podemos nos entregar assim, podemos fugir desta catástrofe e continuar nossa
doutrina, há botes, barcos e proteção a alguns quilômetros daqui,
a
marinha esta nas proximidades, temos uma chance!



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Mestre:

Se este é o seu desejo, que assim seja, cumpro aqui minha missão com você...

Este evento é a manifestação mais pura do desejo e fúria do nosso Deus, que quer retomar o que é seu de volta, seu exército marinho tomou toda a costa e destruiu qualquer ameaça, se ele quer que o destino se cumpra assim, que seja, Esperaremos pela morte aqui...





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Ao cessar minha fala todos entenderam comovidamente seus destinos, os mais novos choraram e suplicaram fervorosamente ao Deus Roxo ali mesmo no pátio, logo, foram amparados pelos mais experientes, fitei para o meu mais antigo discípulo e com apenas poucos segundos desta troca sentimental de olhares ele entendeu que não havia mais nada a fazer, recolheu nossos semelhantes e juntos entraram para dentro do templo, onde acenderam algumas velas azuis e começaram a recitar O Cântico Hadeo'hkreMir, que era emocionadamente bradado pelas gargantas dos mais antigos em ritmo perfeito com as flautas de bambu, o som antes encantador, hoje ganhava um tom nebuloso, profético e mórbido.

Minha ave esta a espera e eu preciso de um ponto final para esta escrita, como sabemos bem, nunca fui bom com palavras, aposto que se estivesse aqui, teríamos um bom encerramento para tal, entretanto, reluto a pensar em alguma coisa, meu desejo mais profundo é finalizar esta escrita com o infinito silêncio que me tomará em instantes.




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O Cheiro enojante das algas putrefatas subitamente tomava toda a ilha, junto com a misteriosa simbiose, seus exércitos e toda a força da natureza sedenta, enquanto o mestre e seus discípulos gozavam de uma calmaria inédita e estranha quando uma colossal onda engole parcialmente a ilha, o imenso barulho deste inacreditável impacto atordoou a todos, menos o mestre, que respirou fundo, fechou os olhos e manteve o silêncio, este, que reina até hoje ali.



Ilustração do Conto

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